O Núcleo de Oficinas Curro Velho, da Fundação Cultural do Pará (FCP), sedia a programação do espetáculo de dança-ritual Arreia, concebido pelas artistas pernambucanas Iara e Íris Campos. A agenda inclui uma oficina e duas apresentações e está prevista para os dias 21, 22 e 23 de outubro. O projeto conta com o incentivo do Fundo de Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura).Com direção de criação de Paulinho 7 Flexas, do Caboclinho 7 Flexas do Recife, Arreia tem como matriz estética o universo do Caboclinho, manifestação popular nordestina que incorpora saberes e religiosidades indígenas, com alicerce na Jurema Sagrada e rituais afro-brasileiros. A obra propõe ao público um contato com o espaço entre sonho, memória e ritualidade.
As atividades começam no dia 21 de outubro (terça-feira) com uma Oficina de Caboclinho, gratuita, a ser realizada no Teatro do Curro Velho, das 14h às 17h. A proposta é que os participantes tenham a oportunidade de vivenciar os gestos, os toques e os ritos do "brinquedo". A primeira apresentação de Arreia será no dia 22 de outubro (quarta-feira), às 19h no Teatro do Curro Velho. A circulação do espetáculo se estende a áreas descentralizadas: no dia 23 de outubro (quinta-feira), haverá uma apresentação especial às 11h, na Escola Municipal EMEC Sebastião dos Santos Quaresma, localizada na Ilha do Combu.
As criadoras relataram que o processo de desenvolvimento do trabalho ocorreu durante o período de isolamento social da pandemia, o que intensificou o caráter espiritual da obra. A ideia, que já era um desejo antigo das irmãs, foi concretizada como um projeto de afirmação identitária. Íris Campos comentou sobre o surgimento do trabalho: “Arreia é um desejo antigo e sua criação nos chegou como um sopro do Encanto. Fomos contempladas com um edital emergencial no nosso Estado e criamos a vídeo performance que está disponível no youtube. Só com a reabertura dos espaços, depois da primeira dose da vacina, foi que Arreia encontrou a possibilidade de acontecer na presença, diante do público”.
Iara Campos complementou, descrevendo a relação do processo criativo com a espiritualidade: “A criação aconteceu de uma forma totalmente diferente do que já tínhamos experimentado em 20 anos de dança. Criamos nossos rituais para ensaiar, pedimos permissão à espiritualidade e ancestralidade para falar de quem veio antes e nossa casa respondeu florindo o pé de Liamba, que antes estava doente, a touceira de colônia começou a dar flores, nasciam pés de alfavaca (planta sagrada) por todos os lados do nosso quintal. Entendemos que os encantados estavam conosco nesse processo criativo”.
A obra transita entre o mítico e o contemporâneo, ao mesmo tempo em que invoca ancestralidades e aborda criticamente as violências históricas sofridas pelos povos originários do Nordeste. As artistas afirmam que o corpo que dança se torna um instrumento para a reconstrução de narrativas e para a abertura de um novo espaço de escuta para a plateia. Após temporadas em Recife e São Paulo, a turnê chega ao Norte, passando por Porto Velho e Rondônia antes de chegar à Belém, buscando um diálogo com as culturas amazônicas, incluindo comunidades ribeirinhas.
Ao sediar iniciativas como esta, a Fundação Cultural do Pará reforça seu papel como principal órgão do estado responsável pela execução das políticas públicas de cultura do estado do Pará, promovendo a circulação e o intercâmbio de expressões artísticas nacionais. Acompanhe as ações da FCP pelo nosso site (https://www.fcp.pa.gov.br/) e nossa rede social (https://www.instagram.com/fundacaoculturalpa/).
Serviço:
Oficina de Caboclinho: 21 de outubro (terça-feira), de 14h às 17h
Espetáculo Arreia: 22 de outubro (quarta-feira), a partir das 19h
Local: Teatro do Curro Velho (Rua Professor Nelson Ribeiro, nº 287)
Entrada Franca