O Cine Líbero Luxardo, em Belém, abre as suas portas na próxima segunda-feira (06), às 20h, para uma sessão gratuita do filme paraense “Garimpo Bar”, do diretor Amaury Pinheiro. Após a exibição, o público ainda poderá participar de uma roda de conversa com a participação do diretor do curta, ao lado do documentarista Felipe Pamplona, e do ator Leonel Ferreira.
Amaury comenta sobre a importância de exibir o filme em salas de cinema como a do Líbero Luxardo. “Exibir nosso filme no Líbero Luxardo é de imensa importância, porque não se trata apenas de apresentar uma obra na capital, mas de ocupar uma das salas de cinema mais tradicionais do país. Na adolescência, assisti a muitos filmes no Líbero, e hoje, poder trazer uma produção minha para essa tela vai além de tudo que imaginei.”
Inspirado em fatos reais, “Garimpo Bar” retrata acontecimentos da antiga cidade de Jacundá, que foi totalmente submersa pelas águas da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no início dos anos 1980. A narrativa se desenrola em dois cenários centrais: o garimpo de diamantes e o cabaré que dá nome ao curta — ambos pertencentes ao poderoso coronel Antônio, figura que domina o comércio e a política locais.
O protagonista é Zeca, um jovem garimpeiro que sonha em enriquecer e sair da miséria. Trabalhando para o coronel, Zeca se apaixona por Isaura, a prostituta mais desejada do cabaré, que também é cobiçada pelo próprio coronel, disposto a pagar uma fortuna para tê-la como amante exclusiva.
Isaura, por sua vez, nutre sentimentos por Zeca, mas teme o envolvimento e as possíveis consequências com Antônio. A personagem sonha em mudar de vida e viver um amor verdadeiro, num enredo que mescla desejo, medo, ambição e esperança.
Com um desfecho surpreendente, baseado em relatos de antigos moradores da cidade, o filme resgata memórias de uma Jacundá que hoje permanece submersa, mas viva na lembrança de seus habitantes.
A trama aborda ainda os impactos sociais e ambientais provocados pela construção da hidrelétrica, que deslocou comunidades inteiras e silenciou parte da história amazônica. Entre os temas centrais estão os conflitos entre amor e dinheiro, tradição e modernidade, submissão e resistência.
Amaury Pinheiro, Gil produtora e o ator Leonel Ferreira
Bastidores e curiosidades - As filmagens de “Garimpo Bar” contaram com soluções criativas e muita colaboração local. O cenário do cabaré foi construído na garagem de um antigo estabelecimento desativado há anos, e os quartos do bordel foram montados em uma casa abandonada, localizada em outro bairro. As locações do garimpo, por sua vez, foram escolhidas no próprio momento das gravações. Todo o figurino foi garimpado em brechós de Belém, e diversos objetos de cena foram emprestados por moradores da cidade, pelo Museu de Jacundá e pelo Polo Joalheiro.
Durante os 20 dias de gravações, a cidade viveu o cinema intensamente — cerca de 90% do elenco é composto por não-atores, como donas de casa, professores, empresários e trabalhadores rurais. A movimentação foi tanta que alguns moradores chegaram a acreditar que o antigo cabaré da cidade havia voltado a funcionar.
Para finalizar, Amaury Pinheiro reforça o desafio e a importância de produzir cinema na Amazônia. “Fazer cinema na Amazônia, especialmente no sudeste paraense, é um grande desafio. Mas estamos trazendo uma obra feita com muita dedicação e carinho, que resgata parte da história de uma cidade que, como tantas outras, compõem esse Estado maravilhoso chamado Pará. Fico muito feliz que essa estreia aconteça justamente no Líbero.”
Serviço:
Exibição do filme: “Garimpo Bar”
Entrada gratuita
Data: 06/10
Horário: às 20h
Lotação: 98 lugares
local: Avenida Gentil Bittencourt, nº 650, no bairro de Nazaré - Belém.
Não é permitido o consumo de alimentos e bebidas na sala de exibição.