Quase metade de municípios paraenses percorridos e mais de 100 mil livros entregues para bibliotecas públicas escolares, hospitalares, comunitárias e de ressocialização em unidades prisionais. Os dados são de programas de incremento à leitura, do governo do Pará, que garante editais de estímulo à formação de leitores. A Fundação Cultural do Pará (FCP) é um dos órgãos públicos que fomenta a qualidade da leitura e da produção literária entre os paraenses.
Neste mês de maio, as Regiões de Integração Carajás e Capim foram contempladas com 21 kits do programa "Leitura por todo o Pará". Ao todo, foram 8.400 livros entregues para Rondon do Pará, Abel Figueiredo e, também, para a aldeia do povo Akrãtikatêjê, na Terra Indígena Mãe Maria, localizada em Bom Jesus do Tocantins, no sudeste estadual.
Em um ano de atuação já foram entregues 108.451 livros para 66 municípios por meio do programa "Leitura por todo o Pará". O presidente da Fundação Cultural do Pará, Thiago Miranda, observa que a FCP tem a missão de levar a cultura, a educação, a leitura e o livro para todo o território paraense.
"É gratificante a entrega de 800 livros na aldeia Akrãtikatêjê, depois 3.600 em Abel Figueiredo em um evento cultural que reuniu centenas de pessoas. Antes foram, também, 4 mil obras em Rondon do Pará, durante a Flisul, a 1ª Festa Literária do Sul e Sudeste do Pará. São obras de escritores paraenses e editoras paraenses, isso assegura a democratização do acesso ao livro e a valorização da leitura, o que se reflete na elevação da cadeia produtiva do livro e no desenvolvimento econômico, educacional e social de um cidadão", disse o presidente da FCP, Thiago Miranda.
As ações de fomento à cultura ultrapassam os muros da FCP. O workshop "Formação de Leitores para PPL (pessoas privadas de liberdade) é um desdobramento do Edital 14/2020, de Cessão de Uso de livros de autores paraenses, voltado para casas penais contempladas com o acervo. As unidades penais administradas pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) foram beneficiadas. As obras passaram a integrar os projetos de leitura que visam a ressocialização, e reinserção social dos custodiados. O curso é na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Ananindeua.
“Trabalhar a leitura como um instrumento de transformação social é o que a Fundação já desenvolve há muitos anos, mas que, por meio do “Leitura por todo o Pará”, as ações têm sido intensificadas e fortalecidas, com grandes resultados. Dentro do Programa existem os desdobramentos são resultados das parcerias institucionais, como exemplo a capacitação que ocorre no Sistema Prisional Feminino de Ananindeua.” destaca Suzana Tota, diretora de Leitura e Informação da FCP.
De acordo com a FCP, o workshop promove reflexão a respeito da leitura, bem como um diálogo a partir da experiência leitora, contribuindo no processo de remição de pena pela leitura dos custodiados do sistema penal paraense. A formação da primeira turma de pessoas privadas de liberdade foi entre fevereiro e abril, com a participação de dez custodiadas. Agora, em maio, ocorre a formação da segunda turma, composta por 15 custodiadas, e as próximas formações vão acontecer nos meses de junho, setembro e outubro, com a proposta de 15 a 20 custodiadas em cada turma.
"Nós iniciamos com uma conversa em que elas relatam a experiência leitora delas, e através dessa atividade eu percebi que a maior parte delas começou a ler no cárcere. Nós realizamos uma conversa a respeito dos livros que elas estão lendo, escolhidos por elas no início da formação. Então, fazemos uma conversa, e nessa conversa vamos detalhando passo a passo da construção da resenha, tudo isso feito de forma oral, porque elas não podem levar material para a cela. E, no último dia da formação, acontece a produção da resenha, e esse texto que elas produzem é o que vai servir para a remição da pena delas pelo judiciário", detalha Denise Franco, técnica em Gestão Cultural na área de Letras da FCP.
Custodiada do sistema penal, Shirley Maria é aluna da segunda turma da formação de leitores. "É muito bom, muito gratificante essa nova jornada que a gente está iniciando desse projeto. É muito bom, muito bom mesmo. E eu estou me aperfeiçoando. Antes eu não tinha o hábito de ler lá fora e aqui dentro eu comecei a ler. E depois desse projeto que está tendo agora, que está sendo muito importante para mim, eu vou repassar o que eu aprendi para as pessoas que moram comigo", disse.
Escritor e Público - Promovido pela Fundação Cultural do Estado do Pará (FCP), o Circuito do Livro Paraense ocorre em escolas de educação básica e polos universitários e proporciona a interação entre escritor paraense e público leitor. O programa oferece o encontro do escritor com leitores da literatura paraense, nessa interação, o autor apresenta temas relevantes da sua obra, o gênero e as influências para a consolidação da sua carreira, dentre outros debates.
No próximo dia 13 de junho, haverá o lançamento de 60 obras inéditas de escritores paraenses nas mais diversas categorias: literatura negra, periférica, indígena, poesia, conto, crônica, romance, ensaio, fotografia e cultura alimentar. As obras resultam do edital que investiu mais de R$ 1 milhão e 200 mil reais de incentivo à produção bibliográfica paraense para as 12 Regiões de Integração.
"É uma conquista para a produção bibliográfica paraense, porque promove a circulação de livros novos de escritores variados, promovendo também a diversidade e a inclusão social", ressalta Neila Garcês, coordenadora de Promoção Editorial da Fundação.
Universalização – O programa "Leitura por Todo Pará" está alinhado com diversos eixos do Plano Nacional do Livro e Leitura, uma política do governo federal por meio dos Ministérios da Cultura e Educação. Os eixos são a democratização do acesso, fomento à leitura e à formação de mediadores e o desenvolvimento da economia do livro.