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Seap e Fundação Cultural do Pará realizam workshop de leitura no sistema prisional

Iniciativa busca transformar as custodiadas participantes em multiplicadoras do conhecimento apreendido com o hábito das leituras
Por Gustavo Pêna (ASCOM)
28/02/2024 14h35

As internas da Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, participaram de um workshop de  leitura, numa parceria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Fundação Cultural do Pará (FCP), através do Programa Leitura por Todo o Pará. A formação realizada, entre os dias 27 e 28 de fevereiro, mobilizou 10 custodiadas a fim de que elas se tornem multiplicadoras do conhecimento apreendido com o hábito das leituras no ambiente carcerário. 

Em 2023, a FCP fez, por meio de um edital, a distribuição de livros de autores paraenses para diversas bibliotecas públicas, escolares, hospitalares e prisionais. Para Evandro Lima, pedagogo da Seap, é importante que as pessoas privadas de liberdade que leiam os livros consigam, além da remição, absorver o conteúdo e adquirir conhecimento.

“Não é apenas a leitura, pela leitura, elas recebem os livros, fazem uma leitura básica e uma redação no final para garantir a remição. Mas também queremos que essa leitura seja significativa, tenha um aprendizado real, que isso traga para as internas um momento de aprendizado, não só um momento de saída de cela, mas também, uma reflexão junto as suas companheiras e a equipe técnica de Reinserção Social da unidade”, afirma Evandro.

O workshop é uma continuidade do edital, a formação é voltada para as obras que foram recebidas nesses espaços, mas no sistema prisional o objetivo é voltado para a remição pela leitura. 

“Nós estamos aqui com o projeto piloto, porque esse workshop já é desenvolvido nos municípios atuando na formação de leitores, mas aqui no sistema penitenciário ele é diferente".

"É uma orientação de como as dez custodiadas (participantes) vão mediar a leitura dentro das celas junto às outras custodiadas. Então vamos pensar juntas as técnicas, formas de incentivar essa leitura para que a gente possa atingir as outras, incentivá-las a abraçar o projeto para conquistar essa remissão de pena”, afirma Denise Franco, técnica em gestão cultural na área de letras da FCP.

Multiplicadoras da leitura – Privada de liberdade há um ano e três meses, Kelly Silva, 33 anos, trabalha na biblioteca da unidade há dois meses. Ela que sempre foi uma leitora árdua, aproveita todas as oportunidades para adquirir mais conhecimento. “Temos a oportunidade de aprender com o workshop e levar o que aprendemos para as outras internas, isso também estimula elas a ter acesso a leitura, a conhecimentos novos em vários assuntos diferentes”, conta. 

A interna Beatriz Pereira, 23 anos, conta que lia muitos livros infantis quando era criança, mas perdeu o hábito da leitura com o passar dos anos. 

“Foi no cárcere que eu voltei a ler, foi como uma porta abrindo, uma que até então tinha fechado muito antes de eu ser privada de liberdade. Eu era uma pessoa muito problemática aqui no cárcere, me metia em confusão e não tinha oportunidade, mas através da leitura eu mudei meu comportamento, meu jeito de falar e de agir também, aprendi a ter autocontrole. Então a leitura só me trouxe coisas boas, e esse curso é uma oportunidade não só para mim, mas também para que as demais, que vejam a leitura com outros olhos, como uma oportunidade de recomeçar a nossa vida lá fora”, disse Beatriz.


Texto de Yasmin Cavalcante / Ascom Seap