O artista visual Werne Souza entrega nesta quarta-feira, 6, um acervo digital com 60 fotografias que registram a visualidade do Cordão de Bicho da Oncinha, grupo folclórico com mais de 30 anos de tradição em Icoaraci. O acervo digital e nove aquarelas de Werne Souza, com o tema do Cordão de Bicho, foram produzidas através do projeto "A Arte foi na Toca da Onça e a Onça veio na Casa do Artista e devorou a Arte".
Com o patrocínio do Prêmio da Fundação Cultural do Pará de Incentivo à Arte e à Cultura, o artista visual realizou uma interação entre o espaço cultural Na Casa do Artista, em Icoaraci, sua produção artística em fotografia e aquarela e a produção da mestra Bernadete de Lourdes, guardiã do Cordão da Oncinha. O projeto mostra a visualidade dos figurinos, totens e objetos que compõem a estética do grupo para suas apresentações nas festas juninas.
Para realizar o trabalho, foram feitas visitas ao ateliê da mestra e aos ensaios da Oncinha. Nessas visitas, Werner produziu os registros fotográficos e os esboços das aquarelas apresentadas nas exposições "Na Toca da Onça", realizada no barracão da Oncinha, "Olhei pelos Teus Olhos", realizada Na Casa do Artista. Assim como as exposições, a entrega do acervo digital proporciona uma perspectiva visual única, capturando a essência do grupo folclórico.
Durante os meses de realização do projeto, o acervo do artista ficou aberto aos brincantes do cordão e a Casa do Artista foi palco de conversas sobre a produção artística, promovendo diálogos culturais e exercícios com desenhos para as crianças que integram o grupo.
Realizada em 25 de novembro, a exposição "Na toca da Onça" apresentou um varal com as obras do artista e foi animada pela apresentação do Cordão da Oncinha, de forma excepcional, uma vez que os brincantes costumam se apresentar somente nas festas juninas.
A segunda exposição, "Olhei pelos teus olhos", encerrou o projeto, dia 2 de dezembro, na Casa do Artista, com a mostra artística e uma roda de conversa sobre "Arte e a visualidade da produção identificada como Cultura Popular".
O projeto celebra a rica herança cultural do cordão de bicho em Icoaraci e destaca a importância da colaboração entre artistas e comunidade na preservação da identidade cultural paraense e do patrimônio cultural imaterial.
O Cordão da Oncinha foi criado em 1991, pela mestra Bernadete de Lourdes Silva, no furo do Maguari, em Icoaraci. Segundo a mestra, o primeiro nome do grupo foi “Pingo de Ouro” e depois passou a ser chamado de “Pintadinha”. Em 1994, o grupo entrou para Associação Beneficente Folclórica de Icoaraci e passou a se apresentar em concursos a partir do ano 2000. Além, da Oncinha, Icoaraci é berço de outros bois-bumbás e cordões de bichos e pássaros, que encenam dramas e comédias, com músicas e danças, como operetas caboclas.
De acordo com o artista visual, o acervo digital das imagens será entregue ao Cordão da Oncinha e as obras impressas ficarão disponíveis para consultas e exposições futuras . "As fotografias impressas e as aquarelas passam a integrar o acervo da Casa do Artista, mas poderão ser utilizadas nas exposições e em eventos em que se queira mostrar a visualidade do folguedo importante para a cultura popular paraense", afirma Werne.
Informações:
Projeto: "A Arte foi na Toca da Onça e a Onça veio na Casa do Artista e devorou a Arte".
Data: outubro a dezembro de 2023
Local: Icoaraci, Belém-Pará.