A Fundação Cultural do Pará (FCP) realizou na sexta-feira (02) visita técnica ao “Barca Literária", na Vila da Barca, em Belém, um dos projetos contemplados pelo Prêmio de Iniciativas Comunitárias em Andamento de Boas Práticas de Leitura 2023. O concurso teve o objetivo de reconhecer e estimular iniciativas culturais que estão sendo realizadas por pessoas físicas em comunidades paraenses, de forma fixa ou itinerante, desenvolvendo o conhecimento de crianças e adolescentes por meio da leitura, e fortalecendo o trabalho comunitário e coletivo.
O Projeto “Barca Literária” é desenvolvido desde 2021 pelas fundadoras Gisele Mendes e Cleia Carmo, que criaram uma biblioteca itinerante depois de iniciativa de crianças do bairro, que participaram de ação no Núcleo Curro Velho.
Em 2022, a comunidade da Vila da Barca foi contemplada com R$ 20 mil pelo edital Iniciativa Comunitária em Andamento de Boas Práticas de Leitura, lançado pelo governo do Estado, por meio da Fundação Cultural, e em 2023 foram novamente premiados.
O objetivo dos voluntários é trabalhar valores na comunidade, como o empoderamento, inclusão, valorização da cultura e do saber popular. Os educadores fortalecem os trabalhos já realizados pela comunidade, dando visibilidade e permitindo o processo de transformação social.
“Começamos colocando uma lona no chão, fazendo atividades educativas com as crianças, empréstimo e devolução de livros, para saber o que as crianças conheciam sobre a situação dessa acessibilidade de democratização da leitura dentro da comunidade”, contou Gisele Mendes.
'Sextou na Barca' - As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, com programações diferentes para crianças e adolescentes, da faixa etária de 6 a 18 anos. Uma das ações é a “Sextou na Barca”, feita ao ar livre e aberta para toda a comunidade. A cada mês um dos voluntários do projeto escolhe um tema específico, que trabalhe a criatividade dos moradores e mostre a importância da ancestralidade e da cultura. O tema deste mês é carimbó.
A aluna Suzane Cunha, 9 anos, disse que o projeto “ajudou na minha evolução. Antes eu não sabia ler e escrever; nem sabia o alfabeto. Hoje, eu e uma colega ajudamos outras crianças. Mas na quarta-feira venho como aluna”.
O professor e voluntário da “Barca Literária”, Rafael Serrão, explicou o porquê de a leitura ser essencial na formação infantil. “Entender o contexto em que essas crianças estão inseridas é pensar numa forma de recontar a história, rompendo estereótipos que inferiorizam as pessoas que moram aqui. E esse recontar só pode partir deles, que são os habitantes daqui”, ressaltou Rafael.
“As crianças são o futuro desse espaço. A leitura tem uma função social e transformadora na vida deles, tanto na escola quanto fora dela. Elas estão aprendendo sobre coletividade, e a repensar esse espaço a partir do seu olhar”, acrescentou o professor.
As visitações técnicas da Fundação Cultural aos premiados continuam até atingirem os 21 projetos contemplados.