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Segunda edição do Entre Nós trouxe musicalidade da Amazônia como método de ensino

Por Álvaro Frota (FCP)
19/05/2023 00h33

Salomão Habib tocou músicas autorais da região amazônica.

Nesta quinta-feira (18), no Curro Velho, o músico Salomão Habib estreou a segunda edição do Entre Nós. O evento reúne fazedores de cultura para a troca de conhecimentos com os alunos e interessados na arte amazônica. A partir de seu projeto “Cantar-O-Lar”, o artista paraense leva a musicalidade como instrumento de educação para escolas da Região Metropolitana de Belém.

Salomão discursou sobre o lar e as construções de afeto, através das memórias de sua infância. O artista conta que a música sempre esteve presente em sua vida. "Eu cresci ouvindo meu pai ensaiar trompete. Minhas quatro irmãs tocavam instrumentos, mas somente eu segui carreira musical", disse.

O diretor do Curro Velho, Paulo Assunção, falou brevemente sobre o trabalho de Salomão. "Nosso convidado de hoje é um pesquisador, além de ser um grande instrumentista. É uma pessoa que faz um trabalho voltado à inclusão e um artista cuja arte não é feita para alimentar o ego, mas para dividir conhecimento e fazer com que a vida seja pensada e repensada em várias direções", elogiou Paulo.

Paulo Assunção, diretor do Curro Velho

O artista também falou sobre a representatividade da Amazônia na educação brasileira. Salomão critica a forma como a cultura nortista é desvalorizada na própria região. "Há muitos elementos que vêm de fora, não há uma contextualização regional para questões de prova, por exemplo", explicou. 

O músico destacou a peculiaridade dos sons amazônicos ao falar sobre essa representatividade. "No aspecto genérico, temos uma raiz indígena e trazemos também elementos afrodescendentes. Nossa música é muito rítmica e possui um sotaque. A repetição das notas dentro de uma escala constrói uma linearidade melódica. Essa construção é uma característica do nosso sotaque", finalizou.

Arte-educação - O projeto "Cantar-O-Lar" tem seis anos e está vinculado à Prefeitura de Belém. O objetivo é trabalhar a arte-educação inclusiva em mais de 74 escolas municipais da Região Metropolitana. Atualmente, cerca de 13 mil crianças participaram do programa, apoiado pela Unicef, que reconheceu o atendimento feito com alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com paralisia cerebral.

Habib afirma que seu projeto nasce a partir da problemática, onde elementos amazônicos não são parte do aprendizado das crianças paraenses. "É um projeto de música e gravação nas escolas. As crianças interpretam os textos, conversam e dialogam sobre os temas", explicou.

O artista é responsável por um projeto de arte-educação inclusiva que já atendeu mais de 13 mil crianças na Região Metropolitana de Belém.

Entre Nós - A iniciativa do técnico em gestão cultural Ednaldo Britto se constitui como atividade formativa e socioeducativa de caráter complementar, realizada periodicamente em conformidade com os módulos de oficinas regulares do Núcleo de Oficinas Curro Velho. Sua proposta teórico-prática fundamenta-se nos saberes e experiências criativas relacionadas às linguagens artísticas.

Em sua segunda edição, o projeto lotou o Teatro do Curro Velho, proporcionando diiálogo entre o artista e a plateia. Salomão Habib apresentou formas de educar através da música e da interpretação de textos relacionados ao contexto amazônico.