A Galeria Ruy Meira, na Casa das Artes, núcleo da Fundação Cultural do Pará (FCP), abriu na última quinta-feira (27) a exposição "Outros Viajantes", da artista carioca Débora Mazloum. A mostra, contemplada pelo Prêmio Branco de Melo, da Fundação Cultural, é resultado de uma pesquisa que a artista vem desenvolvendo há 10 anos, e tem como destaque a missão artística portuguesa que veio para a Amazônia no século XIX. A exposição "Outros Viajantes" ficará aberta à visitação até 27 de maio, de segunda a sexta-feira, das 09 às 17 h, com entrada franca. Há monitoras para auxiliar a visitação.
Em entrevista, Débora Mazloum afirmou que a abertura da exposição é um grande presente após tantos anos de pesquisa. “Agradeço imensamente tanto à Fundação Cultural do Pará, quanto à Galeria Ruy Meira e a todos que contribuíram para que o prêmio acontecesse. Considero o Prêmio Branco de Melo superimportante para o Brasil e o Pará, pois estimula tanto jovens artistas quanto os mais conhecidos”, disse a artista.
John Fletcher, professor da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou no lançamento que a exposição provoca reflexão sobre a neutralidade e objetividade científica. “A exposição traz não só um fator lúdico, mas também uma perspectiva crítica sobre como a barbárie costurou, e ainda permeia, as impressões que temos sobre a história do país”, explicou o professor.
Ele ressaltou ainda que a exposição é interessante para que as pessoas comecem a olhar com mais reserva para as chamadas “aves de rapina”, pessoas que vêm para nossas paisagens com o único objetivo de explorar e depredar. Segundo John Fletcher, a artista coloca de maneira irônica e crítica a fantasia e o delírio que permeou esse fenômeno. Ele concluiu que a exposição oferece uma oportunidade única para pensar criticamente sobre nossa história e nossas perspectivas.
Visão crítica - Renato Torres, músico paraense e servidor da FCP, destacou a importância da exposição, por trazer uma abordagem conceitual e não convencional ao âmbito do Edital Branco de Melo. Para ele, a exposição traz uma visão crítica da história brasileira, mostrando violências e explorações travestidas como pesquisa científica e catalogação de espécies. O músico destacou ainda a importância do Prêmio Branco de Melo para fortalecer as artes visuais e fomentar a rede produtiva das artes locais.
Segundo Eliane Moura, técnica responsável pelo Edital Branco de Melo, a exposição faz parte do circuito do Prêmio, que tem o objetivo de ligar a produção artística paraense com a produção nacional, conectando artistas do Pará com artistas de outros estados. "Outros Viajantes" é uma das quatro exposições nacionais selecionadas dentre as 12 escolhidas pelo prêmio. O edital tem como objetivo ocupar as pautas das três galerias da Fundação Cultural do Pará, e oferece premiação de R$ 25 mil.
O Prêmio Branco de Melo visa colocar no mesmo nível de qualidade as exposições, e oferecer mais espaço e oportunidades aos artistas. “Serão realizadas 12 exposições em 2023, sendo quatro por galeria. A partir de outubro, já será possível inscrever projetos para a edição de 2024, que poderá incluir novos municípios do Pará. A iniciativa demanda toda uma estrutura, mas a Fundação Cultural do Pará está com esse pensamento de expansão do prêmio, para levar as exposições para outros lugares, como Santarém, Marabá e Parauapebas”, adiantou Eliane Moura.