A Praça da República, em Belém, reuniu na manhã do último domingo (23) mais de 80 músicos que compunham o primeiro módulo do "Choro do Pará", projeto que a Fundação Cultural do Pará (FCP) mantém vivo há mais de 18 anos.
Paulo Moura, gerente de linguagem sonora da FCP e coordenador do projeto, explica que o projeto visa ensinar o gênero, de forma gratuita, para jovens, adultos e músicos profissionais e amadores. A iniciativa já gerou vários grupos de Choro, como o Charme do Choro, Fruto do Fruto e Choro com Café, que recentemente realizou sua primeira apresentação em praça pública, celebrando o Dia Nacional do Choro, em que também é comemorado o aniversário do compositor Pixinguinha.
“A importância do Choro como gênero musical está em seu valor histórico e cultural. Surgido no Rio de Janeiro no final do século XIX, o Choro é uma síntese da música negra, branca e indígena. Suas características rítmicas e harmônicas influenciaram muitos gêneros musicais brasileiros, como o samba, a bossa nova e o MPB. Por isso, iniciativas como o 'Choro do Pará' são muito importantes para a preservação e divulgação do legado cultural brasileiro. Além disso, a oportunidade de aprender um instrumento musical de forma gratuita pode mudar a vida de muitas pessoas, fornecendo-lhes uma profissão e um meio de expressão artística”, explica o coordenador.
Lana Machado, diretora da Casa das Artes, esclarece que essa programação é resultado das oficinas que são realizadas na Casa das Artes, de capacitação e formação no gênero do choro, e vai além ao destacar que a Casa é a unidade da FCP responsável pelo aperfeiçoamento do artista.
“É um centro de pesquisa em arte nas diferentes linguagens: teatro, literatura, música, enfim, todas as linguagens artísticas. Além desse projeto, temos várias oficinas, mostras de filmes, editais de incentivo à produção artística, de pesquisa em arte, de produção e na área do audiovisual. E temos também um leque de oficinas voltadas para isso, palestras, debates. É uma programação contínua, e as pessoas podem se credenciar para participar das oficinas, o edital de credenciamento está no site da FCP”, detalha.
Guilherme Relvas, diretor administrativo e financeiro da FCP, celebrou o concerto em praça pública no Dia do Choro e explicou que a proposta visa fomentar a música tradicional do gênero no estado e oferecer oportunidades de educação musical para jovens músicos.
“A ação já é consolidada e atua em diversas áreas, desde a mobilização nos concertos até a formação de orquestras por meio de oficinas de música. É uma forma de incentivar que jovens talentos possam se desenvolver em suas habilidades musicais e contribuir para a tradição do Choro no Pará”, conta o servidor. Além disso, Relvas destaca que o evento é uma celebração do talento desses músicos e da importância da música tradicional para a cultura paraense. “É um dia para se comemorar e para se refletir sobre a importância de projetos educacionais como o 'Choro do Pará' para o futuro da música e da cultura no estado”, finaliza.
Valorização - Para o mestre Adamor do Bandolim, referência do gênero e no instrumento, a programação da FCP foi positiva, pois considera que o choro sempre foi um gênero musical muito importante para a cultura brasileira. “Durante muitas décadas, o choro enfrentou diversos desafios, mas sempre conseguiu resistir e se manter vivo. Nos anos 60, por exemplo, com o surgimento da Jovem Guarda, o choro foi esquecido, mas nunca deixou de existir. Atualmente, a cidade de Belém é uma das maiores referências do país quando se trata de choro. Esse evento, em particular, colocou a cidade no topo do ranking dos locais que mais promovem e valorizam essa música”, conta o mestre.
“A música é uma forma de arte que une as pessoas, e isso ficou claro durante a apresentação. Ao oferecer programação cultural gratuita e acessível, a Fundação promove a democratização da cultura, tornando-a disponível para todas as camadas da sociedade. Além disso, a presença das famílias no evento demonstra que essas programações têm um papel fundamental na formação cultural das crianças e jovens, que muitas vezes não têm acesso a atividades culturais”, destaca a estudante Helena Ribeiro, que compareceu ao evento para ver amigos tocarem.
Para a estudante, o evento ainda traz a valorização dos músicos locais, que muitas vezes não encontram oportunidades para apresentar seu trabalho proporcionando uma troca de experiências entre eles e permite que o público conheça novas sonoridades. “Ter um espaço onde todos estão unidos para apreciar a arte é algo mágico e que deve ser valorizado. Além disso, esse tipo de iniciativa contribui para a formação cultural de crianças e jovens e para o reconhecimento de artistas locais”, conclui.
"A iniciativa da Fundação de trazer um gênero musical tão representativo do nosso país, para diferentes regiões e grupos sociais, é incrível. A reunião de pessoas de várias idades e profissões mostrou a importância da música como forma de expressão e união. Pessoas mostrando a vitalidade da nossa música. E isso tudo, graças à iniciativa do governo em difundir a cultura”, comemora Ana Paula Gonçalves, professora da faculdade de enfermagem da UFPA.
Para quem deseja participar do projeto, há várias formas de se inscrever. É possível acessar as redes sociais do "Choro do Pará", no Facebook ou Instagram, ou entrar em contato diretamente com a Casa das Artes, ao lado da Basílica de Nazaré. O módulo I foi encerrado no último domingo (23) mas o próximo já começa na próxima sexta-feira (28) a partir das 16h, na Casa das Artes.