A expectativa é de que cerca de 150 pessoas participem da programação promovida pela ‘Expedição Literária’, realizada pela Fundação Cultural do Pará (FCP), no município de Santa Izabel do Pará, que teve início na manhã desta segunda-feira (27) e segue até a noite de terça (28). O projeto leva ao município um conjunto de ações de formação de multiplicadores da área cultural e economia criativa, fomento à leitura e promoção do livro e da literatura paraense, valorizando a cultura regional.
A estudante Yasmin Iwanaga, 13 anos, participou da abertura da Expedição no Centro Cultural Silvio Nascimento no município. Apaixonada pela leitura desde pequena, a adolescente enfatizou a importância dos livros em sua vida. “A educação, a literatura e a arte andam juntas e ter essa oportunidade aqui no nosso município é muito bom, porque amplia os nossos conhecimentos e incentiva que outros jovens criem o hábito da leitura, que me deu uma base melhor para a escrita e interpretação, além de ampliar o vocabulário. Tá sendo incrível”, conta.
Nesta manhã, foram realizados três workshops: produção de livros eletrônicos (ebooks); formação de leitores e acessibilidade; e produção de conteúdo audiovisual com o celular. Outras atividades, como sarau, cinema itinerante e circuito do livro/feira de livros com autores locais também fazem parte da programação.
O sociólogo David Passinho, coordenador da ‘Expedição Literária’, ressalta a importância da interiorização das ações que promovem capital cultural a jovens e adultos paraenses como um destaque do projeto. “Trazer as atividades da Fundação Cultural do Pará, principalmente ligadas a leitura e a informação para Santa Izabel é essencial. O principal benefício é a apreensão de capital cultural, que possibilita a mobilidade social. Essas qualificações, inclusive, para técnicos em educação, que também são desenvolvedores de cultura local, promove um contato mais apurado com a cultura paraense e traz uma possibilidade maior de elevação social, progresso tanto financeiro, quanto imaterial e social”, assegura.
A secretária de Educação de Santa Izabel do Pará, Elen Alves, parceira do projeto, afirma que a ‘Expedição Literária’ chegou para somar e contribuir com os projetos de incentivo à leitura que são desenvolvidos no município. “Despertar o interesse a leitura, estimulando esse hábito é fundamental. Pensar em educação é pensar também no fomento à leitura, sobretudo, na educação básica de crianças e adolescentes. Atuar em parceria com o Governo do Estado é importante para fortalecer essa iniciativa. Esse trabalho integrado junto às prefeituras, com certeza, promoverá um grande salto na nossa educação do Pará”, pontua.
EBOOKS – O professor de letras da Universidade Federal do Pará (UFPA), Jorge Lopes, que é editor de livros há mais de 20 anos, ministrou o workshop de produção de livros eletrônicos (ebooks). “Essa iniciativa propicia uma formação inicial básica para a construção de livros eletrônicos, fomentando a produção cultural local, no sentido de instrumentalizar produtores para entenderem como funciona essa construção e as possibilidades de publicação. As tecnologias da informação facilitam a cadeia de produção em que o autor do texto pode ser editor, distribuidor e vendedor, o que potencializa o fazer cultural para que um livro chegue a um número cada vez maior de pessoas. Também abre possibilidades para que a produção que já existe localmente tenha maior visibilidade, ganhe outra dimensão”, explica.
O jovem Ezequiel Silva, 21 anos, morador de Santa Izabel, participou da qualificação. “A experiência está sendo muito boa para adquirir novos conhecimentos sobre os livros e a produção. O que me motivou a participar foi o meu desejo de aprender mais sobre. Eu já gostava de ler, mas aqui nos incentivam bastante a buscar mais conhecimento. Estou criando até vontade de produzir conteúdos literários depois dessa manhã”, celebra.
LEITORES – A técnica em gestão da FCP, Socorro Miranda, foi responsável pelo workshop formação de leitores e acessibilidade, voltado aos técnicos de educação do município. “É uma felicidade encontrar um grupo de professores com olhar e escuta sensível. Em sala de aula, o profissional precisa tentar entender com sensibilidade o contexto e vivências dos alunos. Meu papel é sensibilizar para continuarem nessa missão. A Fundação traz arte, cultura, o contar histórias de forma prazerosa na transmissão de conteúdo, justamente para criar no aluno a delícia de abrir um livro e conseguir viajar nele. Essa é uma das nossas funções enquanto órgão de cultura, formar leitores para construir um país mais inclusivo e muito melhor”, conta.
A professora da educação especial, Izabel Sousa, que foi uma das participantes da qualificação, ressalta que, sem dúvidas, será uma agente multiplicadora dos aprendizados. “Esse momento é de grande valia porque fomos provocadas a pensar, especialmente, sobre a maneira que estamos acolhendo os nossos alunos, sejam eles da educação especial ou de modo geral, assim como as necessidades deles e nossas. Vamos, com certeza, desenvolver esses novos conhecimentos e práticas pedagógicas dentro das salas de aula, o que nos favorece e também aos alunos”, diz.
EXPEDIÇÃO - Em seu quinto ano de existência, o projeto já alcançou sete regiões de integração. Nos dias 30 e 31 de março a expedição segue para o município de São Caetano de Odivelas, com ampla programação.