A Biblioteca Pública Arthur Vianna, localizada na sede da Fundação Cultural do Pará, encerra hoje (24) sua programação de aniversário. Com música e poesia, cerca de 30 artistas participaram do sarau literário que aconteceu no hall do Centro de Eventos Ismael Nery, das 18h às 21h. A Biblioteca completa 152 anos de história neste sábado (25) e teve uma programação especial de comemoração, que começou na última quarta-feira.
Para a Diretora de Leitura e Informação, Neila Garcês, a comemoração dos 152 anos é uma forma de reconhecimento pela contribuição que a Biblioteca tem dado ao estado do Pará e ao Brasil, “seja no fomento à informação e na democratização do acesso ao livro, seja também pela contribuição que tem dado às pesquisas acadêmicas realizadas na Amazônia, tendo em vista que o seu acervo é muito procurado”.
"A importância da Arthur Viana tem sido medida não apenas pelo tamanho, porque se trata de uma instituição pública com mais de 800 mil títulos no acervo. Ela é a base de um sistema de bibliotecas integradas por mais de dez bibliotecas. Em Belém, onde ela está situada, é um espaço de acesso livre e democrático, que permite o atendimento de demandas tão diversificadas de usuários em busca de conteúdos tão diferentes", ressaltou a diretora.
Destaque da celebração, o grupo "Sarau do Povo da Noite”, existe há seis anos, fortalecendo a poesia nortista. O grupo nasceu da vontade de vários poetas de realizarem um evento na cidade que tornasse a palavra falada na protagonista da noite. Rodrigo Oliveira, um dos representantes do grupo, diz que “quase sempre a poesia está ali, atrelada à música, mas não é bem representada, então o Sarau do Povo da Noite vem com essa proposta”.
“Está sendo maravilhoso estar aqui vendo muita gente participando, não apenas os convidados, como também os servidores. É sempre um momento de muita energia que envolve e une essas pessoas”, disse Rodrigo. Após a apresentação do grupo, aconteceram apresentações de música com funcionários da FCP. Um dos participantes, o DJ Me Gusta, trouxe músicas de ritmos amazônicos para a comemoração.
Um dos organizadores do evento, Alexandre Rosendo, conta que o objetivo do sarau é que os artistas que trabalham na Fundação possam ser protagonistas nessa celebração de 152 anos. "A expectativa é que seja a maior confraternização possível. Um dos intuitos, quando eu comecei a organizar este sarau, é o de valorizar a ‘prata da casa’, quer dizer, buscar todas as pessoas que tem, de repente, um gigante adormecido dentro de si”, explicou.
“Hoje eu sou servidor daqui, mas eu já fui frequentador da Biblioteca, para fazer pesquisas em livros na época. A Biblioteca fez parte da formação de muitos que hoje trabalham aqui e muitos que se apresentaram hoje neste sarau”, lembrou Alexandre.
Cantor, compositor e apresentador do programa “Nossa Arte, Nossa Gente”, da TV Nazaré, Reginaldo Viana, cantou duas músicas brasileiras: a primeira, de Eduardo Gudin, um dos grandes parceiros de Paulinho da Viola; a outra, de Milton Nascimento.
Para Reginaldo, a Biblioteca tem um significado muito grande. “A biblioteca me traz diversas memórias afetivas, seja enquanto pesquisador ou aluno, mas também como artista. Em 2018, em parceria com a Biblioteca, a Fundação Carlos Gomes e o Ministério Público do Trabalho, eu pude estar ao lado da escritora Elisa Lucinda, fato que, posteriormente, me levou ao palco com ela”, revelou o músico.
Tradição - A Biblioteca Pública Arthur Vianna possui um dos maiores acervos de livros, vinis, jogos, e outros, que somam mais de oito mil exemplares. Além disso, a Arthur Vianna dispõe de obras raras e muito antigas, como o primeiro jornal a circular no Pará, e “Rimas Várias ”, de Luis de Camões, datado de 1685.
A Coordenadora da Biblioteca, Socorro Baia, diz que, apesar de seus 152 anos, a BPAV se modernizou tanto em sua estrutura física como na concepção de uma biblioteca viva. “Atualmente, possui um serviço que atende aos mais diferentes públicos, nos diversos setores, que vão desde os livros até os vinis, além de realizar permanentemente programações culturais de promoção da leitura”, explicou.
A Biblioteca é um serviço permanente, que se ampliou com as Bibliotecas setoriais, pois além dos espaços localizados na sede da Fundação Cultural do Pará, a Biblioteca Arthur Vianna coordena mais 13 bibliotecas: Biblioteca Francisco Paulo Mendes, na Casa da Linguagem; a Biblioteca Vicente Sales, na Casa das Artes; a Biblioteca Carmen Souza, no Núcleo de Oficinas Curro Velho e as nove bibliotecas instaladas nas Usinas da Paz.