As crianças e jovens do Grêmio Recreativo Escola de Samba Crias do Curro Velho apresentaram neste sábado, 7, o tradicional desfile de carnaval pelas ruas do Telégrafo. “É fantástico ver este trabalho que é fruto de esforço coletivo e comunitário. O carnaval do Curro Velho representa uma comunidade que já incorporou o Curro Velho, incorporou o Carnaval como algo que faz parte da sua história. As pessoas se prepararam para isso. Só temos que festejar”, disse o governador Simão Jatene, que prestigiou o cortejo.
Na avenida, as crianças desfilaram com fantasias de índios e guerreiros, e o público assistia ao desfile das Crias das sacadas dos prédios e das casas. Uma grande parte acompanhava o desfile, que saiu da Praça Brasil, seguiu pela avenida Senador Lemos e chegou ao Curro Velho, no fim da travessa Djalma Dutra. Este ano o enredo da escola mirim era “1615: Belém de Véspera”, que falou sobre o nascimento da capital do Pará.
As perninhas balançando, as mãos batendo palma e a alegria ao chegar pertinho da bateria demonstravam o quanto Adria Cauane, um bebê de apenas 10 meses, havia aprovado o desfile das Crias do Curro Velho e seu enredo “1516 – Belém de Véspera”. O pai da pequena, André Santos, 36, empurrando seu carrinho de bebê enquanto ensaiava um samba tímido também gostou: “Está tudo maravilhoso, as fantasias, a bateria, gostei muito do samba”.
Boa parte do público que compareceu ao desfile foi de moradores do bairro do telégrafo e da Vila da Barca, comunidade vizinha do Núcleo de Oficinas Curro Velho. Sandra Arrefaria, 62, aproveitou para trazer netas e a filha de uma amiga. “Essa é uma manifestação que deveria ter em cada bairro da cidade. Essa movimentação saudável, pensada para as crianças é excelente!”, elogiou.
A animação nos carros alegóricos e nas diversas alas da escola não era diferente, a criançada estava animada com sua coreografia e também com o que não estava nos planos. Elisa Carvalho, 10, na ala das índias, às vezes fugia um pouco da coreografia e com passinhos rápidos tirava um samba não ensaiado divertindo a mãe, que a acompanhava, e o público. “O que eu mais gosto é dançar mesmo”, confirmou.
Após realizar o percurso da Praça Brasil até a sede da escola de samba, a satisfação com o desfile foi geral. O coordenador do evento, Jorge Cunha, fez seu balanço: “Já considero que foi um ano muito proveitoso, o conjunto ficou muito legal, o clima colaborou. Até demos uma acelerada pensando que haveria uma chuva, mas não, o tempo se manteve firme e todos chegaram com grande empolgação. Eu estou muito feliz pela atuação deles”.
O instrutor Linaldo Souza, 21, responsável pela coreografia de uma das alas afirma que o desfile, por sua beleza e atração que causa nas pessoas acaba sendo um convite para que mais jovens passem a fazer parte das Crias. “Nós (jovens que faziam parte da ala) já somos um grupo de dança de rua, hiphop, e é comum depois do desfile que as pessoas queiram integrar o grupo, aprender a dançar com a gente. Já estamos há quatro anos participando do carnaval das Crias e a cada ano, nos aperfeiçoamos um pouco mais para fazer um desfile melhor”, declarou.
Quem também viu a apresentação das mais de 500 crianças foi a médica Elizabeth Arraes, moradora do Umarizal. “Acompanhei todo o percurso. Acho lindo o trabalho do Curro Velho. É uma iniciativa maravilhosa fazer este carnaval”, afirmou.
Para a diretora de Oficinas do Curro Velho, Sandra Rebelo, o carnaval foi um momento da família, uma festa de união, alegria e paz. A presidente da Fundação Cultural do Pará, Dina Oliveira, se disse feliz com o resultado do trabalho das Crias do Curro Velho, que há 24 anos promove o trabalho social na Vila da Barca e no Telégrafo.O desfile marcou a abertura da programação de Carnaval da Fundação Cultural do Pará. Nos dias 13 e 14, a festa continua na Praça do Povo, do Centur, com bailes públicos. Entre as atrações estão a bateria show das Crias do Curro Velho, Pinduca e banda Orlando Pereira, entre outros.