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Teatro Experimental Waldemar Henrique recebe a peça teatral Religare, que propõe imersão sensorial na memória

Dirigida por Raissa Araujo, obra do Dirigível Coletivo foi contemplada pelo edital Tamba-Tajá, da Fundação Cultural do Pará
Por Helena Saria (ASCOM)
20/02/2025 16h46 - Atualizada em em 20/02/2025 16h50

A memória como eixo central e a sensorialidade como linguagem são as bases do espetáculo teatral Religare, nova criação do grupo de teatro Dirigível Coletivo, dirigida por Raissa Araujo. A performance-instalação, contemplada pelo edital Tamba-Tajá 2023 da Fundação Cultural do Pará (FCP), será apresentada no Teatro Waldemar Henrique (TEWH), e propõe uma experiência híbrida que convida o público a se reconectar com suas histórias pessoais e coletivas. A temporada acontece de 20 a 23 de fevereiro, com sessões às 20h nos dias 20, 21 e 22 (quinta a sábado), precedidas pela visitação à instalação às 19h. No domingo, dia 23, a visitação ocorre às 16h, seguida da performance às 17h. 


A obra parte do conceito de "religar", reconstruindo laços com lembranças que moldam identidades e afetos. “A memória tem uma relação próxima com as sensações e as narrativas orais. O corpo, como instrumento sensorial vivo, guarda memórias: cheiros, sons, texturas. Nosso trabalho foi reconstruir essas narrativas em cena, despertando os sentidos do público, pois o saber não é distinto da experiência”, explica Raissa Araujo.  

Desde sua concepção, Religare foi pensada para ser acessível a diferentes públicos. A equipe realizou um ensaio aberto com profissionais da acessibilidade e artistas com deficiência, que contribuíram com sugestões para aprimorar a experiência. A audiodescrição, por exemplo, foi integrada à narrativa, e as intérpretes de Libras fazem parte da cena, interagindo com os atores e ampliando a dimensão visual da performance.  


“A forma como a experiência sensorial foi conduzida torna a percepção da cena muito mais rica e acessível para todos”, destacou Marco Antonio Mabac, ator e bailarino cego que participou do processo. Já Aliny Santarosas, artista da dança esportiva em cadeira de rodas, ressaltou a importância do espaço cênico: “Ter um ambiente que respeita diferentes corporalidades e formas de expressão faz toda a diferença na nossa relação com a obra”. Já a intérprete de Libras Tetê Cantanhede reforçou a relevância de pensar a acessibilidade desde o início do projeto: “Essa inversão de lógica – não adaptar, mas incluir desde a origem – amplia a discussão sobre inclusão na arte e incentiva novas formas de tornar o teatro mais acessível”.  


Diferente de um espetáculo tradicional, Religare propõe uma imersão ativa do público, que pode tocar, sentir e explorar elementos cênicos, tornando-se parte da narrativa. A instalação pode ser visitada independentemente da performance, ampliando a experiência sensorial.  


O processo de criação partiu da oficina-laboratório "Corpo e Memória", ministrada por Raissa Araujo e pelo psicanalista e musicoterapeuta Felipe Kurschat. Durante duas semanas, artistas de Belém mergulharam em um processo imersivo no TEWH, transformando memórias individuais em dramaturgia. “Foi um processo sensível, onde material inconsciente se tornou potência cênica”, conta Raissa.  


A realização de Religare reforça o papel da Fundação Cultural do Pará na difusão e promoção da cultura local, fomentando projetos que exploram novas linguagens e priorizam a inclusão. “A Fundação tem um compromisso intrínseco com a democratização do acesso à cultura e com a valorização da diversidade artística do nosso estado, e projetos como Religare exemplificam essa missão, ao unir inovação, sensibilidade e acessibilidade em uma experiência que convida o público a refletir sobre suas memórias e identidades. O Teatro Waldemar Henrique, como espaço cultural de referência, se orgulha de abrigar iniciativas que não apenas encantam, mas também promovem a inclusão e o diálogo com diferentes públicos. É isso que fazemos: abrimos portas para que a cultura paraense se expresse em toda a sua potência e pluralidade.”  Com sua proposta inovadora e sensível, a peça não apenas convida o público a refletir sobre suas memórias, mas também abre caminhos para uma arte mais acessível e plural.


A acessibilidade é um dos pilares do projeto: todas as sessões contam com interpretação em Libras, e a audiodescrição estará disponível exclusivamente no dia 23. Para garantir o serviço de audiodescrição, é necessário entrar em contato com Marina Mota pelo telefone 91 98155-2221 ou pelo Instagram @marina.a_mota. O espetáculo, com duração aproximada de 70 minutos, tem classificação indicativa de 12 anos. A meia-entrada é garantida mediante apresentação de comprovante válido no momento da entrada. 


Serviço:

Peça teatral Religare

Data: 20, 21 e 22/02 às 20h, visitação às 19h, e dia 23/02 às 17h, visitação às 16h

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) no link https://coletivodirigivel.com/religare/ 

Endereço: Av. Pres. Vargas, 645, Campina, Belém.