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VISUALIDADES AMAZÔNICAS

Acervo GTB e Acervo SIM


Esta exposição reúne duas coleções referenciais para a compreensão da arte no Pará nas últimas décadas, a coleção Theodoro Braga e o acervo de artes visuais do Sistema Integrado de Museus. A coleção Theodoro Braga encontra-se associada às atividades de difusão dos movimentos artísticos locais desde os anos 1970 – quando a galeria foi inaugurada em 1977, no Theatro da Paz –, até os dias atuais, após a transferência da galeria para o CENTUR, em1986. Seu significativo acervo reflete a relevância histórica da GTB no fomento ao circuito artístico de Belém e o seu lugar estratégico no âmbito dos debates críticos que se sucedem. Algumas obras da coleção da Casa das Onze Janelas integram o presente quadro, museu que atualmente acolhe um acervo pelo qual, por sua abrangência e representatividade, pode-se fazer um desenho bem nítido da arte brasileira dos séculos XX e XXI.
Reunir obras dessas duas instituições tem, por um lado, o interesse em lançar luz a uma história de vinculação e continuidade de políticas de promoção e fomento do circuito artístico em Belém – políticas que, a propósito, foram responsáveis por boa parte da formação de seus acervos; e, por outro, apresentar um quadro conexo e estimulante da arte contemporânea produzida na cidade nos últimos anos. No conjunto, a exposição evidencia um forte senso de territorialidade — manifestado em paisagens que articulam corpo e natureza, em referências a culturas ancestrais e nas expressões da religiosidade e do popular — sem, contudo, excluir obras cuja
subjetividade reconfigura ou dissolve esse sentido de lugar.
As fotografias de Paula Sampaio e Miguel Chikaoka ressaltam questões ambientais da
Amazônia, combinando documentação e poética visual para expor paisagens modificadas, as ambivalências do desenvolvimento e as relações entre corpos, territórios e memórias coletivas. Nessas séries, a imagem funciona tanto como registro de impactos quanto como convocação crítica, convidando o espectador a ler a paisagem como camadas de histórias e tensões ambientais.
O campo do popular atravessa as poéticas de Marinaldo, Mestre Nato e Maria José, enquanto Lucia Gomes apropria-se desse repertório como signo de contestação, oferecendo uma experiência desconcertante por meio dos brinquedos de miriti. Os caminhos se bifurcam: ora apontam para enraizamentos e tradições, ora para rupturas subjetivas; encontram-se novamente no compartilhamento de um território comum — a Amazônia — onde memória, resistência e reinvenção se entrelaçam.
Armando Sobral e Cassia Rosa


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