404
A exposição 404 e uma prospecção no acervo da Galeria Theodoro Braga, no qual podemos identificar a presença da cidade de Belém como um dos atores ou cenário das obras de arte que compõem essa coleção. Nos 404 anos da cidade, esse pequeno recorte no acervo aborda diferentes técnicas, evidencia distintos contextos sociais, econômicos e psicológicos, desencadeando uma relação mais próxima entre o espectador e o artista, costurando uma narrativa entre as características presentes nas obras e na cultura da cidade, seus habitantes e simbolismos.
A narrativa urbana está presente na construção expográfico que apresenta um circuito claro pela cena da cidade, barcos, praças, Ver-o-Peso, comércio e festejos religiosos, o povo e subjetividades presentes no imaginário artístico.
O cotidiano da cidade de Belém se fundamenta na forma como a cidade é vista desde seu surgimento, fundação e constituição. As cidades podem ser interpretadas por diferentes formas, camadas ou representações dentro da história cultural urbana. As representações são as mais diversas, sejam materiais ou imateriais, os materiais basicamente são sua forma, estrutura urbana, quadras, vias, etc., as imateriais estão no estado da mente, reside no imaginário, na interpretação subjetiva e individual da cidade, mas que podem atingir proporções interpretativas coletivas. No caso de Belém o imaginário esta relacionado à natureza da floresta amazônica, a cultura ribeirinha aos rios da bacia do Guajará, o mistério da fé de diferentes religiões e o cotidiano do povo.
O olhar sobre a cidade é feito pelos seus cidadãos, neste caso pelos artistas e suas obras, dando a oportunidade ao outro de olhar pelo mesmo viés, criando uma nova perspectiva deste jogo de olhares entre expectador e obra que provoca outra compreensão neste contexto, a Galeria Theodoro Braga funciona como uma janela, na qual pequenos fragmentos presentes na cultura da cidade, surgem como uma homenagem à cidade de múltiplas faces, culturas e arte.
João Paulo do Amaral