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Esculturas Corporais Indígenas 

Um dos principais traços da cultura amazônica é a presença do conhecimento indígena. Seu processo e desenvolvimento é milenar e rizomático, apresentando diferentes ramificações entre os povos, cuja origem no Pará prevalecem os Marajoaras, Tapajônicos e Maracá. Dentro da cultura indígena identificamos elementos significativos para a caracterização de cada grupo: a língua, as pinturas corporais, artes plumárias, cerâmicas, cestarias, a música, os ritos e festas, entre outros. Atualmente o estado possui aproximadamente trinta e nove povos indígenas, apresentando um patrimônio extremamente importante para o Brasil e para a humanidade. 

A exposição “ESCULTURAS CORPORAIS INDÍGENAS” de Francelino Mesquita conversa com esse contexto histórico da formação da cultura indígena, com uma intenção de valorizar a importância social, do patrimônio histórico, econômico e artístico desses povos originários, criando um diálogo principalmente com pintura corporal, de traços geométricos, que representam a expressão ligada a diferentes manifestações culturais da sociedade indígena, que cria uma pintura específica para cada evento: caça, lutas, casamentos, ritos de passagem e morte. As esculturas trazem a representação do movimento desses grafismos nos corpus indígenas, apresentando literalmente a surrealidade de suas tradições gráficas, como se desprendessem da pele, em geometrias inertes como exoesqueletos, que dão forma a um legado ancestral. 

O movimento das formas é um traço característico da obra de Mesquita, que traz do desenho arquitetônico, de sua formação técnica em edificações, o observar empírico do movimento da forma, do espaço e a ordens relacionadas aos elementos tridimensionais de suas obras, além da pesquisa artística e experimentação estrutural e orgânica dos materiais utilizados (miriti, cabaças, metais, papeis e etc). 

Nessa exposição, as linhas estruturais de seus objetos agregam um refinamento, por propor à forma elementos mais subjetivos sobre a cultura étnica da qual ele também faz parte; ora pelos materiais usados ao longo de sua carreira artística (e em se tratando dessa exposição, a forja em metal de suas esculturas) ora pela ancestralidade cabocla, Francelino Mesquita apresenta para o público objetos com linhas que edificam sequências análogas às composições  genéticas, dimensões extrafísicas, muito próximas das camadas espirituais.

João Paulo do Amaral


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