AU COEUR DE MAI 68
O final da década de 1960 testemunhou agitações sociais e políticas em todo o mundo. Isso abalou tanto o bloco oriental (Polônia, Tchecoslováquia...), o mundo desenvolvido (Japão, Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha Ocidental, Itália...) quanto o que então era chamado de "Terceiro Mundo" (Egito, Senegal, México, onde ocorreu uma repressão sangrenta). Todos esses movimentos foram caracterizados por uma mobilização juvenil sem precedentes. Uma explicação para isso foi o "Baby Boom" após a Segunda Guerra Mundial. O crescimento econômico também permitiu que uma parcela crescente dessa juventude tivesse acesso ao ensino superior. Além disso, conflitos sangrentos de libertação nacional reacenderam divisões ideológicas. A Guerra da Argélia havia terminado em 1962, enquanto a Guerra do Vietnã se estenderia até 1975.
Uma grande parte dessa juventude começou a resgatar o sonho de emancipação revolucionária nascido no século XIX. No final dos anos 1960, "Os Céus Estão Ficando Vermelhos", para citar o título de um filme de 1977 do cineasta francês Chris Marker. Pequenos grupos de ativistas começaram a contestar em toda parte a autoridade estabelecida, a sociedade de consumo, o poder do capital, mas também a traição e a opressão do "socialismo real" e, em alguns casos, até mesmo as novas elites surgidas da descolonização... Revistas, panfletos, manifestações e "happenings" sacudiram os campi universitários e as ruas das grandes cidades, às vezes seguidos por respostas violentas das autoridades.