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CORPO-MÁQUINA

A gravura como forma de arte é, com certeza uma das mais representativas, o artista Jean Ribeiro nessa estrada de dezesseis anos de arte, tem o controle total do corpo e da mente no ato rude de entalhar a madeira bruta ou a lâmina dura do metal.

Com esse domínio do corpo e da mente o artista tem colocado a gravura como um ato estético, original e autônomo, expressando o pessoal, a sua sensibilidade, em um sistema de produção e experimentação com gravuras profundamente entalhadas, buriladas, e relacionadas ao corpo humano,  comparando-o à uma máquina que está em constante produção-movimento. 

Na relação corpo-máquina, o corpo é o ponto de vista e o ponto de partida, como um feixe de processos no qual todos os sentidos, a percepção e o conhecimento, são ativados simultaneamente. Essa afirmação nos expõe que, apesar de estar ligado a uma máquina, o corpo humano continua sendo o responsável pelas alterações perceptivas que podemos ter. 

É nesse sentido que as gravuras de Jean Ribeiro revelam o íntimo, a parte interior do corpo humano, o lugar mais profundo de um ser, e como num ato de impressão que implica cumplicidade, o artista grava detalhes que ficam registrados na matriz para sempre. 

Pois o corpo é uma estrutura nem muito eficiente, nem muito durável, com frequência ele funciona mal e se cansa rapidamente, é suscetível a doenças e está fadado a uma morte certa e iminente.  Portanto, não há nada mais misterioso e familiar, complexo e impressionante do que o nosso organismo, o coração bombando sangue oxigenado para todo o corpo, o cérebro, os ossos, estruturas do nosso esqueleto unidas por ligamentos, faz com que enfrentemos cada dia de forma entusiasta e intensa, levando o ser humano a alcançar os mais notáveis e extraordinários feitos.  

Glauce Santos

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