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Entre o Rio e o Mar

Glauce Santos

O tema das águas retratado nas obras que compõem a instalação, remete as simbologias do sagrado, as mitologias, os valores civilizatórios afro-brasileiros, uma reverência aos orixás das águas na diáspora brasileira, rio e mar. São elas: Oxum e Iemanjá, divindades de origem africana, cultuadas no Brasil, habitam um universo marcado por sentimento de pertencimento.

O meu processo artístico é permeado de memórias e vivências, são conexões que fui desvendando ao longo do tempo, a busca pessoal, a arte, e os trajetos nos rios. As recordações conduzem-me à enorme imagem de Iemanjá que ficou guardada na memória por muitos anos, permanecendo em mim, a cor azul de seu vestido.

As águas sempre de alguma forma, estão permeando a minha vida, são imagens e sons que trago comigo, me fazendo entender que mar calmo não faz um bom marinheiro, no meu caso, uma marinheira. Não existe o nosso tempo, e sim o tempo das marés. 

Em meus trajetos pelos rios, mar, florestas e cidades urbanizadas do estado do Pará, sempre percebi que a arte não precisava estar nos grandes centros para existir, mas em todas as partes, na memória coletiva e individual dos povos urbanos e tradicionais que habitam a Amazônia, em minha memórias, na sua memória, esse mergulho de pertencimento é o que nos faz ser quem somos. 

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