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Arraial

Acervo do Curro Velho

TEXTO CURATORIAL

Desde o início de suas atividades em 1986, a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (atual Fundação Cultural do Estado do Pará - FCP) apresentou em seus espaços culturais a identidade da amazônia, muito bem representada pelo PREAMAR, projeto proposto por João de Jesus Paes Loureiro, gestor da Secretaria de Cultura do Estado à época. Alicerçado na tríade resgate, interiorização e democratização da cultura, o projeto tinha como principal objetivo a valorização da cultura ribeirinha, repercutindo não apenas na cidade, mas em todo o Estado e na regiãoAmazônica, contemplando grupos de dança, quadrilhas, bois, pássaros e mascarados de São Caetano de Odivelas. 


O universo cromático dos elementos pertencentes à construção teatral dessas manifestações exemplifica o purismo da relação do homem amazônico com a estrutura da narrativa medieval, trazida da Europa pelos colonizadores; expressa nos elementos que compõem essas alegorias, as figuras presentes na estrutura das narrativas apresentadas nos festejos católicos da quadra junina, em especial os relacionados a Santo Antônio, São João e São Pedro. 


A Fundação passa então ser esse “Arraial”, palavra cujo significado básico é um povoado ou lugarejo; espaço designado a festas populares ou com conotação religiosa, romarias, etc. As iniciativas do passado construíram no imaginário da cultura paraense esse espaço, e a tradição de ser o Arraial da cidade de Belém, que movimenta diferentes linguagens e setores da FCP, reunindo a apresentação de inúmeras quadrilhas e grupos folclóricos em uma programação que vai além da competição, valorizando essa manifestação popular e empírica.

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A exposição “Arraial” é uma valorização desse legado construído pelo povo e para o povo, apresentando à comunidade o legado das ações culturais promovidas pela FCP e através do acervo do Núcleo de Oficinas Curro Velho. Esse acervo exemplifica elementos do imaginário junino paraense, oriundo da qualificação da mão de obra, fomento das atividades teatrais, costura, desenho, papel machê, entre outras técnicas, possibilitando a reunião de vários grupos da região metropolitana de Belém e do Estado, criando um diálogo entre o tempo, a tradição e a Cultura Amazônica diante desse novo cenário mundial em que a pandemia da Covid-19 nos colocou, inviabilizando os festejos.


João Paulo do Amaral

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