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Cartografia da Fé

Exposição Coletiva

A exposição coletiva "Cartografia da Fé" reúne cerca de 24 obras alusivas ao Círio de Nazaré. São trabalhos de nove artistas da terra de diferentes gerações, incluindo os consagrados Jocatos e Sérgio Neiva, novos talentos como Paula Giordano, e estreantes, como Carol Magno e Marco Serrão.

 
 
Os trabalhos trazem reflexões críticas e em diferentes linguagens, entre desenhos, pinturas, fotografias, instalações e performance em vídeo. A mostra está aberta à visitação até o próximo dia 1º de novembro, na Galeria Benedito Nunes, da Fundação Cultural do Pará (FCP), no Centur, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18 horas. A entrada é franca.

Outros artistas que estão na mostra são Francy Botelho, Heloíse Rodrigues, Letícia Valente e Marcos Muniz. "Todo ano, a fundação organiza uma exposição voltada para esse tema. Como a galeria é voltada para a arte contemporânea, quisemos contemplar a diversidade tanto de linguagens, quanto de gerações de artistas e também de abordagens acerca do Círio", destaca Renato Torres, que assina a curadoria da mostra ao lado de João Paulo do Amaral e Eliane Moura.

 Imagem feita por Marco Serrão durante o Auto do Círio que integra a mostra (Marco Serrão/ Divulgação)
Um dos motes da seleção das obras foi a abordagem diferenciada sobre o tema do Círio, como na fotografia de Marco Serrão, feita no Auto do Círio, que aponta o sincretismo religioso com uma jovem negra vestida com o manto da Virgem de Nazaré; e também o vídeo de Carol Magno, que fez uma performance sobre a violência contra a mulher durante a trasladação, ocasião em que se vestiu de anjo ostentando um cartaz sobre o tema e conversou com romeiros. "Não queríamos uma exposição com imagens comuns do Círio, mas com abordagens diferentes, mais políticas", descreve Renato.

Jocatos apresenta na mostra a obra inédita "Contemplação Periférica". A instalação encobre parte do chão e da parede com objetos que representam a chegada da procissão na Praça Santuário, com o tapete vermelho que conduz à imagem da santa.

O percurso do tapete é tomado por cuias de latas com diferentes conteúdos, como grãos, carvão, água e flores. E a própria imagem da berlinda é confeccionada a partir de latas. "Ali estou falando da Amazônia, representada pela água, e da necessidade da população, pela alimentação. Ela (obra) tem uma temática sobre o Círio, mas a interpretação é aberta ao público. Existe um cortejo no tapete vermelho a caminho da santa. Ali tem vários elementos, como o arroz, o feijão, a água, a vegetação e a vela. Uso bastante latas. Eu ressignifico a matéria", descreve Jocatos.

Já Sérgio Neiva, apresenta quatro pinturas sobre tela inéditas das séries "Fé" e "Cidades Ocultas", confeccionadas entre o ano passado e este ano. "A minha vivência do Círio e da própria festa religiosa já vem de muito tempo. Já vivenciei a corda e estive em vários momentos dessa festa de fé. Eu capto imagens na memória, transfiro para a tela passando uma outra realidade dessas vivências na minha pintura", conta Sérgio.

Em duas dessas telas, ele ressalta a luminosidade noturna da trasladação. "Acabo criando símbolos dentro dessa visão estética do Círio. Pego registros do seres humano em momentos de dor e de fé. Acabo sintetizando tudo na cidade envolvida com esse momento de fé."

 

Enize Vidigal (Oliberal)
15.10.19 10h08

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