Retrato da Artista enquanto Corpo
Eliene Tenório
Elieni Tenório abre nova exposição individual, "Retratos da Artista Enquanto Corpo", nesta terça-feira, 12, na Galeria Benedito Nunes, no Centur. Nessa nova mostra, ela apresenta uma retrospectiva da carreira nas artes plásticas, com obras de diferentes fases de criação artística, desde o início dos anos 90, quando produziu peças híbridas de fotografias com imagens radiográficas e desenhos, até as mais recentes, como a introdução da obra de arte em objetos, com a inscrição de poesias em manequins.
Serão apresentadas cerca de 30 peças de gêneros figurativo, abstrato e suporte não convencional (arte em objeto). O vernissage será às 19h, e a mostra fica em cartaz até o dia 18 de março, sempre de segunda a sexta, das 8h às 18h. A entrada é gratuita.
"O meu trabalho é muito voltado para o universo feminino, falo de mim, da minha essência e da trajetória de vida. Não falo só de mim, mas de todas as mulheres. Meu trabalho também leva muita costura. Todo o ano gosto de fazer uma exposição alusiva ao Dia da Mulher", narra Elieni.
As obras de Elieni Tenório têm como foco sempre a figura feminina "Há muito tempo queria fazer uma retrospectiva, mas será uma amostra que vai dialogar com o trabalho atual". Entre as raridades da exposição estão três telas da época em que ela assinava como Elieni Soares, do início dos anos 90: "Elas são feitas na chapa do Raio-X. Fiz desenho no papel com pincel e cobri, dando um envelhecimento para fazer uma fotografia antiga em preto e branco, como uma película. Tenho obsessão por fotografia e até hoje trabalho com hibridismo da fotografia na minha obra. Já trabalhei o saiote de uma mulher com fotografia, a transparência e da renda, que trazem a sensualidade da mulher."
A artista descreve que, antes disso, no final dos anos 80, possuía um trabalho voltado para o figurativo. A primeira exposição só ocorreu em 1998, "Suburbano Coração", no Museu de Arte do Ccbeu (Mabeu), que falava da crônica da mulher no cotidiano. "Fui para a Alemanha participar de uma (exposição) coletiva e comecei a trabalhar o abstrato com a exposição 'Vestida de Obsessão', que ganhou o prêmio aquisição do Salão Arte Pará (XXV Salão Arte Pará, 2° Grande Prêmio, em 2006); sempre trabalhando a forma da mulher. No ano passado, a cor da pele estava muito presente no meu trabalho e retomei as cores na exposição 'Elegia do Corpo', mostrando parte do corpo encoberto com tecidos de renda e transparência de forma sensual".
Segundo Eliane Moura, técnica em gestão cultural da FCP e responsável pela gerência da galeria, “Retrato da Artista...” é o pontapé da temporada 2019 do espaço. A abertura em março é oportuna, fazendo ainda parte das celebrações pelo Dia Internacional da Mulher. “Um dos objetivos é tratar e dialogar sobre o universo feminino, sobre o corpo feminino e seus fluxos, no qual a experiência da artista é colocada em franco diálogo com os interlocutores, que são os visitantes da exposição”, considera. “São mais de 50 trabalhos, entre painéis, telas e objetos criados e que nos fazem mergulhar neste universo”, afirma.
Por: Enize Vidigal
12.03.19 11h07
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Eliene Tenório
Biografia
Nascida em Mazagão, interior do Amapá, Elieni Tenório revela que já tinha pendores artísticos desde a infância e gostava de costurar, embora não pensasse em fazer das artes plásticas a sua profissão. Somente em 1989 iniciou sua carreira artística, quando participou de uma mostra coletiva no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur), em Belém. Sua primeira mostra individual, "Suburbano Coração", ocorreu somente em 1998, no Centro Cultural Brasil-Estado Unidos (CCBEU).
Ao cursar Extensão em Artes Plásticas na Universidade Federal do Pará, sua arte, que até então era figurativa, transformou-se pela convivência com outros artistas paraenses que estudavam na mesma instituição, e passou a retratar o cotidiano da mulher da periferia metropolitana.
